meus queridos,
foi num café, que hong fang correu em meu socorro. eu perdia-me entre o inglês e o mandarim, sem conseguir concretizar um simples pedido. hong falava baixinho, num tom frouxo e inseguro. foi quase em segredo que me convidou para partilhar uma mesa. eu cedi.
hong cresceu numa pequena vila da mongólia interior. todas as manhãs engrossava as fileiras disciplinadas de alunos e exaltava a bandeira. em casa rendia-se ao único canal de televisão a que tinha acesso.
na Primavera de 89, tiananmen chegava também às vastas pradarias mongois, sem que as imagens do canal 1 – ainda o único – fossem motivo de reflexão.
hoje, nesta tarde que se adianta, eu tento rejeitar o meu papel de ouvinte. mas hong pede-me silêncio. e compreensão.
conta-me que tem um sonho. e que nisso eu posso ajudar. aprender a nadar.
vossa catarina
de pequim, china
Posted in: por sms
Posted on May 3, 2011
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