de atenas, grécia

(atenas, onze e meia da manhã)

conversas que se ouvem na acrópole: “what do you think about what´s happening now to the syrian temples?”. eu vejo desaparecer atena, filha de zeus e de métis. “so, what happened here is that these guys were worshipping these mythological figures”. ao longe o mar, montanhas sem cor, que não deixam passar o vento. “dude, where is the shutter button?” eu peço para me tirarem uma fotografia do topo da grécia antiga, enquanto multidões continuam a subir. uma senhora descansa ao meu lado, de fato rosa, sapatos desportivos, tons fluorescentes, um boné de viseira. “i just want to seat down and catch my breath”. depois alguém aponta para o parlamento, e para a praça syntagma, ali, ao fundo, engolidos por atenas, pela europa. “que desilusão. oh mãe, tu olhas para esta paisagem e não vês monumentos” (é uma família portuguesa). em ruínas, o pártenon já não sabe existir em silêncio. um homem estende a mão no ar, aponta para o portão principal: “the white is the new marble and the yellow is the old one, they were repairing it”. estão trinta e nove graus, e alguém se lembra de uma canção.