“Do cemitério, corre água até ao poço da minha casa no Tap Seac. Eu costumava beber essa água e as minhas amigas diziam que tinha bons dentes porque bebia água dos mortos.”
Entrevistei Aida de Jesus pela última vez quando estava a fazer uma história sobre os segredos da longevidade. A macaense, proprietária do restaurante ‘Riquexó’ e figura de referência da gastronomia local, tinha então 99 anos, os dentes bem definidos – faltavam apenas dois, disse-me na altura – o cabelo sempre arranjado, na cara um toque rosado. “Costumo comprar os produtos de beleza que vejo nas magazines”, disse-me.
Aida Jesus nasceu no dia 24 de Outubro de 1915, estudou na antiga Escola Central, depois no Santa Rosa de Lima – “já não tenho amigas dos tempos do liceu, morreram todas” – e começou a trabalhar na área da gastronomia já depois de ser mãe.
Nessa conversa em que passámos a pente fino um século de vida, contou-me ainda que foi operada à vesícula e a um cancro da mama, que costumava dançar ao som do gramofone, jogar hóquei e que chegou a correr atrás dos japoneses quando passaram por Macau. “Não tenho medo de envelhecer, um dia tenho de desaparecer.”
Desapareceu hoje esta linda mulher. Tinha 105 anos ❤.
de macau
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Posted on March 17, 2021
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