de macau

Posted on July 10, 2021

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macau, oito e vinte da manhã

hoje acordei a chorar. levantei-me, recompus-me, era só um pesadelo. depois tomei o meu comprimido para a tiróide, corri as cortinas porque precisava novamente da noite e voltei para a cama. mas já não consegui fechar os olhos. lembrei-me de uma das últimas noites que passei em macau, ainda antes de entrar na universidade, no verão de 1998. na zona do nape, ainda sem casinos e a luz ostensiva da casa dos penhores, caminhei em direcção ao rio, sentei-me no extenso pontão que aí existia, ao lado de amigos que se riam da despedida, da noite, do futuro e do sempre possível regresso a (esta) casa. ontem foi diferente. a despedida de quem parte parece irremediável, permanente. e já ninguém se ri mais do que aí vem, porque agora todos sentimos que perdemos alguma coisa todos os dias em macau.

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