em geral não faço listas, faço sim balanços de listas que não fiz, deixo escritas as coisas que fiz e não as que ainda tenho de fazer, embora acredite que preparar listas das minhas obrigações ou intenções seja uma inevitabilidade da idade e da memória. vai acabar por acontecer e aceito com resignação essa fatalidade.
não há muito a escrever sobre o que fiz em 2021. menos trabalho, mas mais duro, menos viagens, mas mais estudo e desporto.
em poucas linhas, um sonho que tive recentemente: estou a olhar a minha cidade a crescer em altura, a agigantar-se robusta diante dos meus olhos – um monstro temeroso de centenas de metros que faço por alcançar e apaziguar, embora sem sucesso. estranha mulher!, grita-me a cidade a plenos pulmões, vai-te embora, traidora!, continua.
sem compreender tal desvario, tento chamar a cidade à razão, trato-a delicadamente pelo nome, relembro compromissos que temos uma para com a outra, convoco homens e mulheres para me defenderem nesta causa, mas sou ignorada, pela cidade e por todos, como se nunca tivéssemos partilhado estas ruas ou de nada valesse a estima devotada ao município.
caio então num pranto impossível de conter, enquanto me tento agarrar com força e brio a um banco de um jardim público, que com o sopro irado da cidade é sacudido e ameaça desintegrar-se.
é neste momento que desperto, numa cidade quase tão real e tão magoada quanto esta sonhada.
tirando este pesadelo foi um ano muito fixe.
muita saúde e muito amor é o que desejo a todos os meus amigos
de montemor-o-novo, portugal
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Posted on January 1, 2022
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