[macau, dez e onze da manhã]
saí de casa pela manhã, nove e vinte e nove, céu limpo, luz quente que resgata a rua de nam keng do desinteresse, e o verão ainda nos meus braços, corpo. volto a pensar na minha mãe, foi também com ela que aprendi a relacionar-me com o verão, temperaturas altas, uma toalha na areia, uma estrela, o sol, deus em que finalmente acreditávamos. a minha mãe é transmontana, talvez por isso tenha aprendido a equilibrar-se no clima, nos extremos.
neste percurso de quinze minutos que faço até ao café, retomo a nossa vida, de mãe e filha, não tivemos tempo de ser outra coisa, e não consigo deixar de me sentir sempre miserável por isso mesmo. a minha mãe faria hoje 67 anos, em macau um dia de sol, a infinitude da memória, da minha infância. por isso sinto-me grata.
Posted on November 1, 2018
0