de yangjiatang, condado de songyang, província de zhejiang, china

Posted on November 9, 2023

0


[yangjiatang, condado de songyang, província de zhejiang, onze e quarenta e sete da manhã]

9 nov. 2023

yangjiatang. um drone sobrevoa a aldeia, ouço-o enquanto acabo de me vestir no quarto que arrendei por três noites, ao longe ainda um grupo de turistas a falar chinês, que acabo por encontrar mais tarde, entre eles está o operador do drone, e querem muito comunicar comigo, fotografar, saber o que faço aqui, sozinha?, três dias?, perguntam, entre o fascínio e a perplexidade, e xangai, conheces xangai?, eu sou de xangai, diz uma mulher, é uma cidade muito moderna, continua, orgulho gravado na cara, ia jurar que até a pele ganhou brilho, o tom da voz a sublinhar de forma clara o que distingue a capital financeira chinesa do lugar onde nos acabámos de conhecer, onde se ouvem ainda galos a demarcar território, as construções são térreas, as roupas estão estendidas no meio da rua, tiras de papel vermelho com votos para o ano novo lunar coladas à porta de casa resistem à passagem da festividade, dos anos, e a natureza emite ruídos que não sei identificar, eu tento ir atrás desses sons, mas eles deslocam-se, são esquivos, como se a determinada altura sustivessem a respiração só para não serem encontrados, posso tirar uma fotografia?, interrompe um homem da província de anhui, e pede primeiro para me afastar uns cem metros, depois para andar na direcção da máquina, e eu faço o favor mesmo sem vontade, porque as pessoas são quase sempre tão generosas comigo, então o homem dá instruções, aquilo começa a divertir-me, finge que estás a fotografar, repete, e eu aponto a máquina para o telhado, depois viro-me para baixo, florinhas azul violeta a meus pés, ainda fechadas ao mundo, como são pequenas, penso, e a carmo vem-me à cabeça, então trocamos números para que me mande as fotografias, e eu sigo caminho, três ou quatro habitantes locais entre pequenas tarefas, já cientes da minha presença, e as vozes e os visitantes acabam por sumir, acontece pelos vistos com frequência neste espaço ainda afastado dos roteiros turísticos, e a aldeia cala-se, como se fosse noite e todos dormissem, lá ficam os dióspiros a secar em varas de bambu, respiram de novo as casas do povoado, fachadas amarelas, de barro, portas a madeira, telhas cinza, escuras, estruturas que têm entre 200 e 400 anos e que parecem ter vindo ao mundo mesmo assim, apesar de saber que muitas foram intervencionadas, que também aqui chegou o progresso a meio da revitalização rural chinesa, e basta olhar para o outro extremo do vale, NSD COFFEE, diz o letreiro branco néon no topo de um café.

Posted in: pela china